O PAPEL DOS THINK TANKS NA POLÍTICA BRASILEIRA DESDE 2013

O PAPEL DOS THINK TANKS NA POLÍTICA BRASILEIRA DESDE 2013

Wallace dos Santos de Moraes[1]

Os Think Tanks são grupos formadores de opinião sobre política, altamente organizados e financiados, trabalhando de maneira profissional, quase que exclusivamente para canalizar a legítima indignação popular externada intensamente nos protestos de 2013, procurando fazer a população voltar a crer nas instituições políticas. Para tanto, utiliza-se de fortes críticas de direita sobre o governo Dilma e contra os petistas em particular.

Os Think Tanks possuem ampla penetração nos oligopólios de comunicação de massa e descarregam centenas de mensagens via Whatsapp, Facebook e Twitter todos os dias. Como são mensagens bem elaboradas, passando a princípio uma seriedade, e pautadas em críticas ao péssimo governo de Dilma, elas são amplamente reproduzidas pela população que a faz acriticamente. Na verdade, as principais mensagens são subliminares que a princípio tentam se mostrar radicais contra o petismo e aproveitam para passar a verdadeira ideia que aparece em segundo plano como dizer que na ditadura os generais-presidentes não eram corruptos, morreram pobres, que o governo do PSDB foi bom para o país e que se deve confiar nos noticiários das televisões. Assim, tentam capitalizar o imaginário social radicalizado criado em 2013 para posturas radicais de direita sustentadas em falsas informações.

Destarte, esses grupos conseguiram difundir a imagem segundo a qual os políticos petistas seriam os piores do mundo, quando na verdade não estão sozinhos. O problema não é exclusivo do petismo. Ele está encrustado no sistema político brasileiro como um todo que está podre e só funciona com corrupção. Fazem parte dessa podridão todos os partidos que ocupam espaço no Congresso e nas esferas políticas estaduais, com algumas raríssimas exceções individuais, se é que elas existem. O governo do PT não perde em nada para os governos do PSDB. Ambos foram péssimos para os trabalhadores e ótimos para os banqueiros. Aliás, podemos botar nessa lista os governos do PMDB e dos militares. Em todos esses casos os setores prioritários de favorecimento foram das elites, com algumas migalhas para o povo trabalhador.

O êxito dos Think Tanks de direita está diretamente atrelado a perseguição política aos militantes e ao pensamento da extrema esquerda com a desarticulação eficaz de muitas de suas organizações. Essa perseguição foi realizada por todos os partidos do poder. Além disso, o mais grave é a própria censura nas redes sociais. Enquanto as mensagens de direita possuem ampla divulgação, as da extrema esquerda foram quase que bloqueadas, censuradas, perseguidas. Por conseguinte, busca-se garantir o legado de 2013 à direita e não à esquerda.

Por fim, os principais objetivos dessas mensagens são canalizar a indignação popular expressada em 2013 contra todas as instituições e reduzi-las simplesmente contra o petismo. Assim, busca-se renovar as crenças nos militares e nas instituições representativas, como Congresso Nacional e Executivo, nos oligopólios de comunicação de massa, enfim, no próprio sistema. Busca-se assim esconder que o problema não é esse ou aquele partido, mas o sistema político-representativo e partidário como um todo. O objetivo dos Thinks Tanks é por dentro do imaginário social deslegitimar o petismo, legitimando o sistema, e desqualificando tudo que o critique como teoria da conspiração.

 



[1] Prof. do Departamento de Ciência Política e do Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ. Coordenador do OTAL (Observatório do Trabalho na América Latina): www.otal.ifcs.ufrj.br

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